Desde a primeira vez que eu ouvi falar em Bonito, no Mato Grosso do Sul — eu devia ser criança ou adolescente — eu passei a sonhar em conhecer este lugar descrito como uma paraíso de águas cristalinas, onde você pode nadar com os peixes e se encantar com os tons de azul que só existem nesses recantos recônditos do mundo. Esse desejo foi realizado no início deste ano, quando conheci esse lugar belíssimo com a minha família. A atração que eu estava mais curiosa para ver em Bonito — que é, não por acaso, uma das mais famosas — era a Gruta do Lago Azul. Só de ver as fotos daquele azul absurdo eu ficava hipnotizada e imaginava como seria estar ali pessoalmente.
É possível que nenhum humano tenha posto os pés nesta caverna até a sua descoberta, em 1924, por um índio Terena. Conhecida com uma das maiores cavidades inundadas do planeta, o lago subterrâneo tem mais de 80 metros de profundidade; a profundidade exata não é conhecida. Não se sabe ao certo de onde vem a água, mas acredita-se que há um rio subterrâneo que alimenta o lago.
A água que preenche a gruta não fica o dia todo com essa tonalidade: apenas quando a luz do sol brilha através de um buraco no teto da caverna, por isso as visitas são feitas apenas na parte da manhã. O local foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1978 como Monumento Natural, com o objetivo de preservar o lago, o ecossistema aquático e as estruturas calcárias da caverna, que são muito frágeis.
A gruta é impressionante não só pelo lago, mas também pelas formações rochosas da caverna, resultantes da sedimentação e cristalização de minerais dissolvidos na água. São verdadeiras obras de arte esculpidas pela natureza ao longo de milhões de anos.
Em 1992, uma expedição franco-brasileira mergulhou no lago e encontrou uma surpresa: milhares de ossos de animais pré-históricos, de tigres dente-de-sabre a preguiças gigantes.
Para fazer esse passeio, é preciso fazer uma pequena trilha até chegar à entrada da gruta e descer quase 300 degraus, o equivalente a um prédio de 12 andares. A escada é bem rústica e a descida é íngreme, então deve ser feita de maneira lenta e cuidadosa. É obrigatório o uso de tênis ou papete de trilha com solado de borracha. Além disso, os visitantes devem usar capacetes que são fornecidos no início do passeio.
Estar ali foi uma experiência realmente fascinante. A caverna é imensa, me senti uma formiguinha ali dentro envolta por aquelas paredes de pedra. Minha vontade era ficar horas ali, em silêncio, contemplando aquelas águas e o silêncio daquele ambiente subterrâneo. Fiquei realmente emocionada em poder estar ali.
Vai viajar para Bonito?
Se você quer conhecer a Gruta do Lago Azul, tem que fazer a reserva com bastante antecedência, pois a entrada de visitantes no local é bem controlada: há um limite de até 305 pessoas por dia (com grupos de no máximo 15 em cada descida), e a visitação acontece em horários pré-determinados, sempre acompanhada por guias turísticos do município.
Quando estava planejando a viagem para Bonito, vi recomendações em vários blogs de viagem para fazer as reservas para as atrações com um a três meses de antecedência. Eu fiz as reservas com um mês de antecedência e eram as últimas vagas disponíveis para visitar a gruta. Outros atrativos da cidade já estavam lotados; para garantir a preservação local, tudo é muito controlado. Ainda bem, né!
Fotos: Stephanie D’Ornelas (1, 3 e 4) e Nathan D’Ornelas (2, 4 e 5)